Fisioterapia por definição é tratamento por meio de agentes físicos (fisio = agentes físicos e terapia = tratamento).
Agente físico terapêutico é todo material ou ação empregada para obter ou estimular uma resposta fisiológica no organismo, desencadeando um efeito terapêutico. Portanto todo agente físico terapêutico portará uma determinada energia que poderá ser térmica, mecânica, ou eletromagnética, que ao interagir com material biológico, cederá toda ou parte dessa energia. Essa energia mensurável corresponde a dose do tratamento (W/cm², J/cm², mA/cm² etc).
Os agentes físicos são:
a água = hidroterapia
a luz = fototerapia
o movimento = cinesioterapia
o calor = termoterapia (calor corresponde a quente e frio)
corrente elétrica = eletroterapia
O profissional habilitado para exercer a fisioterapia é o fisioterapeuta, profissional de nível superior da área da saúde. Sua atuação é dividida em especialidades de acordo com os sistemas/estruturas que esse profissional foca em garantir/reabilitar as respectivas funções.
O foco do fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Pélvica é a função e/ou tratamento dos sistemas/estruturas relacionadas a pelve, com ênfase no papel do assoalho pélvico nesse contexto. O assoalho pélvico é um conjunto de músculos que fecham a cavidade pélvica. Suas funções são: suporte para as estruturas/órgãos abdominais e pélvicos; ação esfincteriana para uretra, vagina e ânus, portanto participam da continência urinária, da continência fecal e da função sexual, além do parto vaginal.
Logo, o fisioterapeuta que atua em fisioterapia pélvica está atento a biomecânica da pelve, a função do assoalho pélvico e demais músculos da pelve, ao sistema genito-reprodutor, ao sistema urinário, ao sistema intestinal, bem como ao processo de gestação e parto.
Dentre o rol de disfunções que a fisioterapia pélvica abarca estão:
- incontinências urinárias
- bexiga hiperativa
- dificuldade de esvaziamento vesical (da bexiga)
- incontinência anal (flatos e/ou fezes)
- constipação intestinal (dificuldade de esvaziamento intestinal)
- disfunções sexuais femininas (desordem do desejo/excitação sexual, desordem de dor sexual (dispareunia e vaginismo)/ desordem de orgasmo)
- disfunções sexuais masculinas (disfunção erétil, ejaculação precoce, doença de Peyronie)
- prolapsos genitais
- dor pélvica
FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS
O fisioterapeuta é um dos profissionais que atuam na saúde sexual, e por isso tem um importante papel na investigação dos fatores relacionados a disfunção sexual que podem ser biológicos (fadiga, depressão, medicações, atividade reduzida de hormônios sexuais) ou psicológicos (distrações da vida diária, receio de gravidez não desejada, doenças sexualmente transmissíveis, infertilidade comprovada, experiências sexuais negativas, inexperiência ou vergonha).
Uma vez identificado os fatores relacionados, intervir ou sugerir profissionais habilitados para intervenção também é papel do fisioterapeuta.
Além disso, o fisioterapeuta promove educação sexual esclarecendo sobre anatomia e fisiologia da resposta sexual feminina e masculina e respondendo dúvidas dos pacientes sobre o assunto. É necessário que o paciente compreenda sobre o problema que enfrenta até como estratégia de adesão ao tratamento e responsabilização. Nesse contexto, a sexualidade deve ser apresentada como um processo mais amplo e complexo que não se limita aos órgãos sexuais ou ao ato sexual.
O fisioterapeuta deve ainda incentivar o diálogo, as carícias e a busca de intimidade entre o casal.
Outra importante estratégias no tratamento de disfunções sexuais é garantir que o assoalho pélvico esteja saudável para desempenhar suas funções biológicas e sexuais com êxito. E essa saúde está relacionada à consciência, à força, à resistência, à coordenação desse grupo muscular. O fisioterapeuta é o profissional apto para propor e acompanhar o treinamento muscular específico e personalizado do assoalho pélvico visando uma adequada função muscular.
Os músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso (músculos superficiais do assoalho pélvico), por exemplo, ao se contraírem na atividade sexual participam da ereção do clitóris ao puxarem este para baixo, comprimindo sua drenagem venosa. Além disso eles se contraem reflexa e ritmicamente para compor a plataforma orgásmica.
A dor é um componente bastante limitante da função sexual. A fisioterapia tem uma ampla gama de recursos e técnicas de analgesia (massagem perineal, eletroanalgesia, termoterapia, mobilizações articulares e teciduais), o que possibilita experienciar a resposta sexual de maneira mais confortável e satisfatória.
O fisioterapeuta, por meio de recursos específicos, consegue adequar a sensibilidade da região genital; aliviar a dor quando presente; melhorar circulação sanguínea; promover/acelerar cicatrização tecidual; melhorar força, resistência, consciência e coordenação muscular; além de tratar disfunções que não são tidas como sexuais, mas repercutem diretamente da resposta sexual como as perdas involuntárias de urina e escapes de flatos e/ou fezes.
Portanto, a contribuição do fisioterapeuta nas disfunções sexuais femininas é singular e de grande valia, devendo ser sempre considerada por parte dos pacientes e de outros profissionais da saúde envolvidos no tratamento dessas disfunções.
abraços,
Thais Cristine
Fonte consultada: AGNE, J. Eletrotermofototerapia. 4ed. Santa Maria, RS, 2017.
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