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O útero e sua missão durante a gestação


O protagonista do post de hoje chama-se útero. Localizado no fundo da cavidade abdominal, ele é um dos órgãos pélvicos juntamente com a bexiga (à frente) e o reto (atrás).  A cavidade abdominal é o espaço desde o diafragma, abaixo dos pulmões, até os músculos que fecham a pelve (assoalho pélvico).

Da porção mais superior do útero, o fundo, saem dois canalículos, as tubas de Falópio ou trompas, que terminam em projeções que lembram dedos chamadas fímbrias, que envolvem os dois ovários e vão captar o óvulo maduro após a ovulação. A porção inferior, ósteo do útero, é conhecida como cérvix ou colo, e se projeta dentro da vagina, dilatando-se durante o trabalho de parto para permitir a passagem da criança para o mundo.  O colo mede de 3 a 4 cm de comprimento e permanece fechado durante toda a gravidez com o tampão (rolha de muco).

O útero não gravídico é um órgão muscular pequeno, oco, piriforme (formato de pêra invertida), com medidas de 7,0 cm x 5,0 cm x 3,0 cm, aproximadamente.  Durante a 40ª semana atinge aproximadamente 30 cm x 23 cm x 23 cm. O seu peso passa de 100 gramas para 1.000 gramas no final da gestação. E o líquido que ele contém aumenta de ¼ de colher de chá para quase um litro.

Nas primeiras 16 semanas de gravidez a expansão do útero se deve quase que inteiramente pelo crescimento dos seus próprios tecidos, em resposta ao estímulo hormonal.  Já a partir da 20ª semana o crescimento uterino é interrompido e o útero se expande principalmente porque as fibras são distendidas, devido o crescimento do bebê.  As paredes uterinas vão se tornando mais delgadas e na segunda metade da gestação pode-se sentir o corpo do bebê colocando a mão na barriga.

Durante a gestação o bebê se aloja dentro do útero conectado com a placenta através do cordão umbilical. A placenta está aderida a parede do útero e drena nutrição da corrente sanguínea para o filho e, ao mesmo tempo, transfere os produtos de degradação para a mãe. O cordão umbilical é constituído de três vasos entrelaçados: duas veias que levam sangue oxigenado da placenta para o bebê e uma artéria que conduz o sangue venoso de volta para a placenta.




Uma bolsa de membranas envolve a criança, a placenta e o cordão. Ela contém aproximadamente um litro de líquido amniótico (“água” dentro da qual o bebê repousa).  Esse líquido protege essa nova vida de traumas ou infecções e é constantemente renovado pelo organismo da mãe.

Após o parto, quando a criança já estará respirando de forma independente, a placenta torna-se desnecessária e por isso se separará da parede do útero e sairá através do colo. A placenta tem mais ou menos 1/3 do tamanho do bebê e é envolta pelas membranas. Se examinada sobre uma superfície, perceberemos que ela contém uma rede de vasos que se assemelham às raízes de uma árvore.

No final da gestação a termo, a principal função do útero é expulsar o seu conteúdo. Durante o trabalho de parto, o útero vai se contrair em intervalos regulares e gradualmente dilatar sua base (colo) para permitir a passagem do bebê.  Ao atingir a abertura total, o útero se contrai intensamente para expelir o bebê e a placenta, as membranas e todo o seu conteúdo.

Nas horas e semanas após o parto o útero continuará se contraindo ritmicamente, estimulado pelos hormônios, liberados devido ao estímulo de sucção do bebê ao seio materno.  Dia após dia o útero vai lentamente retornando à sua forma e tamanho originais e vai eliminar todo o precioso sangue que o preenche, que foi usado para nutrir o filho. Ao fim da 6ª semana pós-parto, seu útero vai estar como era antes da gestação e terá cumprido sua missão. 

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