Pular para o conteúdo principal

Higiene íntima da mulher



A higiene íntima inibe os odores genitais proporcionando maior segurança para as mulheres lidarem com os afazeres diários, mas também ajuda a mulher a se prevenir de problemas ginecológicos. Entretanto a higiene íntima deve ser feita de maneira orientada segundo as necessidades fisiológicas da região genitália. 

Pensando nas melhores práticas de higiene genital a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e obstetrícia (Febrasgo) criou o Guia Prático de Condutas - Higiene Genital Feminina. 

Dentre as recomendações estão:

  • mulheres com história de irritação o alergia vulvar devem evitar qualquer produto de higiene até que se descubra qual agente é responsável por promover os episódios;
  • mulheres com qualquer dermatite ou vulvite devem ter tratamento específico e devem evitar uso de papel higiênico (principalmente aqueles com cores, perfumes e ásperos), desodorantes íntimos, géis lubricantes, medicamentos tópicos, sabões ou sabonetes. Nesses casos a higiene deverá ser feita com água corrente em temperatura ambiente. Secar com toalha limpa e macia.

Recomendações gerais:

  • Deve-se evitar a introdução de substâncias na cavidade vaginal (compartimento interno). As áreas que devem ser higienizadas são o compartimento externo (monte púbico, pele da vulva, raiz das coxas e região perianal) e compartimento intermédio (interior dos grandes lábios e dos pequenos lábios até a membrana himenal);
  • A frequência diária da higienização em climas quentes é de uma a três vezes por dia, e em climas frios pelo menos uma vez;
  • Deve-se higienizar com movimentos circulares as regiões pubiana, vulvar, perianal, sulcos crurais (raiz da coxa), sulcos interlabiais (entre pequenos e grandes lábios) e região de clitóris, porém com cuidado para não levar conteúdo perianal para a região vulvar.
  • Usar água corrente para favorecer a remoção mecânica das secreções;
  • Duchas vaginais somente com indicação médica;
  • Secar as áreas lavadas com toalhas de algodão secas e limpas;
  • Usar produtos apropriados para a região anogenital, hipoalergênicos, com detergência suave e pH ácido entre 4,2 a 5,6;
  • Dar preferência para produtos de formulação líquida, pois produtos sólidos são mais abrasivos e geralmente apresentam pH alto (alcalino);
  • O tempo de higienização não deve exceder 2 a 3 minutos para não ressecar o local.

Recomendações adicionais:

  • A higiene genital tem a finalidade de remover resíduos e excesso de gordura, e não de esterilizar a região que é por natureza colonizada por bactérias;
  • Secar a região é importante para que a proliferação bacteriana, fúngica e viral não aumentem;
  • uso de roupas não sintéticas são recomendadas por favorecer a ventilação;
  • A depilação da região genitoanal poderá ser feita respeitando a sensibilidade individual da mulher e seu gosto, uma vez que o excesso de pêlos pode contribuir para acúmulo de secreções e resíduos. Entretanto a frequência deverá ser baixa;
  • As peles ressecadas deverão ser hidratadas com hidratantes não oleosos, apenas na áreas de pele, excluindo mucosa (compartimento interno) e semimucosa (compartimento intermediário);
  • Evitar absorventes externos com película de plástico no período intermenstrual por serem não respiráveis. Trocá-los periodicamente em no máximo 4h de intervalo;
  • Trocar as roupas íntimas pelo menos uma vez por dia;
  • Sempre que possível dormir sem calcinha ou com roupas largas para aumentar a ventilação dos genitais.

Recomendações especiais:

  • No período perimenstrual e menstrual higienizar a genitália em intervalo menor, para aumentar a remoção mecânica dos resíduos e melhorar a ventilação genital, reduzindo a umidade prolongada;
  • No puerpério (pós parto) recente é recomendada maior frequência de higienização, porém a pele vulvar e mucosa vaginal estarão menos tróficas e mais irritadas devido o hipoestrogenismo, a constante loquiação e maior sudorese, próprios desse período;
  • No período pós-menopausa recomenda-se higienizar no máximo duas vezes ao dia, com produtos com o pH próximo ao fisiológico para evitar maior ressecamento e prurido;
  • Na infância deve-se usar produtos com pH entre 4,2 e 5,5 quando for dar o banho e a cada vez que houver evacuação;
  • Higienizar os genitais logo após a atividade física para evitar que o suor e outras secreções irritem a pele da vulva;
  • Após a depilação recomenda-se o uso de substâncias antissépticas e anti-inflamatórias naturais (água boricada, infusões de camomila, água termal, e outras) nas primeiras 24h. Isso, levando em consideração a maior possibilidade de aparecimento de foliculite, ressecamento e irritação da pele.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cistometria

A cistometria é a avaliação da fase de enchimento vesical (da bexiga). É uma das fases do exame conhecido como Estudo Urodinâmico ou Urodinâmica. Essa fase vem após a urofluxometria (conversamos sobre ela na semana passada). Após a medição do resíduo pós-miccional, é infundido soro fisiológico em um cateter uretral, enquanto um outro cateter está ligado a um transdutor de registro de pressão ve sical.  Um cateter retal se liga a um transdutor de pressão abdominal. Através da fórmula “Pressão vesical = Pressão abdominal + Pressão detrusora” é possível identificar a pressão detrusora.  O aumento de pressão detrusora corresponde a contração do detrusor (músculo da bexiga), o que não deve acorrer na fase de enchimento. Esse achado é conhecido por contração involuntária do detrusor.  Esse diagnóstico está diretamente relacionado ao sintoma de urgência miccional (vontade forte, imperiosa é inadiável de fazer xixi), urge-incontinência, aumento da fr...

Urofluxometria

Urofluxometria é um exame que avalia se há algo errado com a fase de esvaziamento vesical. Para que isso seja possível, o paciente precisará urinar no mínimo 150 ml, após perceber a bexiga confortavelmente cheia. Essa micção é realizada em um simulador de vaso sanitário acoplado em um urofluxômetro (espécie de balança que gerará um gráfico a partir da pressão hidrostática da urina coleta em um frasco). Três dados interessam ao urologista e ao fisioterapeuta pélvico: o fluxo  máximo, a curva de fluxo e o resíduo pós-miccional. 1. O menor valor aceitável em relação ao fluxo máximo é 12 ml/s, valores menores do que esse sugerem disfunção miccional. 2. A curva de fluxo normal tem um formato de sino, curvas que fogem desse formato sugerem disfunções. Abaixo estão imagens das curvas alteradas e sua relação com as disfunções (a amplitude nas curvas foi com a interação de deixar a compreensão da morfologia mais didática, nos exames essas curvas são apresentadas com am...

O que é ânus imperfurado?

O ânus imperfurado é uma malformação congênita relativamente comum (incidência de 1:1500- 1:5000 nascidos-vivos). É decorrente da interrupção ou anormalidades no desenvolvimento embriológico do ânus, reto e trato urogenital. O seu diagnóstico no período pré-natal é raro e o percentual de óbito elevado. E é comum que a criança que nasce com ânus imperfurado apresente alguma anomalia adicional como anomalias vertebrais e atresia anal. Aquelas que sobrevivem a malformação devem ser submetidas a cirurgia de reconstrução anorretal após os 6 meses de idade.  Antes da cirurgia de reconstrução anorretal é realizado colostomia (abertura cirúrgica na região abdominal que conecta o intestino grosso com o meio externo para a eliminação das fezes). A colostomia será fechada quando a cirurgia de reconstrução anorretal for realizada e devidamente cicatrizada. As consequências mais prevalentes após a cirurgia de correção são incontinência fecal e constipação. O tratamento é geralmente...