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Disfunção Sexual


Antes de definir disfunção sexual é necessário entender a resposta sexual humana e suas fases. São quatro as fases que compõem o ciclo da resposta sexual humana, tanto em homens quanto em mulheres: excitamento, platô, orgasmo e fase final ou de resolução.

  • fase de excitamento: desenvolve-se a partir de um fator estimulante, somático ou psíquico, e estabelece o incremento suficiente da tensão sexual.   
  • fase de platô: as tensões sexuais são intensificadas e subsequentemente atingem o nível extremo.
  • fase de orgasmo: é a máxima tensão sexual e se limita aos poucos segundos de forte vasoconstrição e intensas contrações musculares.
  • fase de resolução: é involuntária, caracterizada pela diminuição da tensão e retorno do indivíduo ao estado não estimulado. 

Transtornos em qualquer das fases da resposta sexual humana acarretam em disfunções sexuais. A disfunção sexual é caracterizada pela alteração desde a manisfestação instintiva até a ausência de resposta ao estímulo e alterações no desejo, excitação e orgasmo. Porém, para se fechar o diagnóstico de disfunção sexual é necessário existir uma insatisfação do indivíduo com a própria relação sexual. Por exemplo, muitas mulheres relatam não atingir o orgasmo, porém se elas se considerarem satisfeitas com a própria função sexual a anorgasmia não deve, nesses casos, ser considerada como disfunção.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) define disfunção sexual como as várias formas em que o indivíduo é incapaz de participar de um relacionamento sexual como gostaria, podendo ser por diminuição do desejo sexual, aversão sexual, falha da resposta genital, disfunção orgásmica, vaginismo e impulso sexual excessivo.

A diminuição do desejo, a aversão sexual e o impulso sexual excessivo são disfunções que geralmente competem ao psicólogo ou psicoterapeuta, isto por estarem relacionados a aspectos psicológicos. Já falha da resposta genital, como diminuição da lubrificação ou dispareunia (dor antes, durante ou após a relação sexual),  bem como disfunção orgásmica (dificuldade de atingir o orgasmo) e vaginismo (fortes contrações da musculatura  vaginal que chegam a impedir a penetração) são disfunções que podem ser tratadas pelo fisioterapeuta especializado no assunto. Inclusive o tratamento fisioterapêutico para esses casos apresentam excelentes resultados. Em homens as disfunções sexuais mais comuns são ejaculação precoce e disfunção erétil e a fisioterapia se apresenta como opção terapêutica para ambas.

Antes de se determinar uma disfunção sexual é preciso distinguir se esta é específica ou se tem envolvimento do parceiro. Os medicamentos devem ser investigados, pois podem influenciar no desejo, excitação e orgasmo. As disfunções sexuais estão correlacionadas com outras condições de saúde, particularmente as que lidam com o sistema cardiovascular como hipertensão, além do diabetes. Os hábitos de vida devem ser questionados como tabagismo e etilismo, bem como a saúde mental, pois esses também influenciam a saúde sexual. História de cirurgias pélvicas como perineoplastia ou prostatectomia e dor pélvica crônica são aspectos que também devem ser abordados durante a avaliação de um paciente com queixa sexual.
 
A relação sexual está inserida no conceito de sexualidade. A sexualidade é reconhecida como um dos elementos definidores da forma de existência humana e agente responsável pela qualidade de vida e integração social do indivíduo. A sexualidade humana é necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado dos outros aspectos da vida. Ela influencia a saúde física e mental e sendo a saúde um direito humano fundamental, a saúde sexual também deve ser considerada como um direito humano básico

Sendo assim, é de extrema importância que os profissionais da saúde estejam preparados para lidar com os problemas de ordem sexual dos pacientes. É necessário pelo menos ouvir as possíveis queixas e saber orientá-los quanto as opções de tratamento e a quais classes profissionais recorrer.

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