A definição de constipação é bastante variável podendo haver opiniões diferentes. Seu conceito está ligado a presença de fezes muito duras, muito pequenas, muito difíceis de serem expelidas, infrequentes e com sensação de esvaziamento incompleto. Pela classificação de Whitehead trata-se da presença de no mínimo duas queixas das listadas abaixo sem que o paciente esteja ingerindo laxante e que persista por pelo menos 12 meses:
- Esforço em mais de 25% das evacuações;
- Sensação de evacuação incompleta em mais de 25% das evacuações;
- Fezes cibalosas em mais de 25% das evacuações;
- Menos de três evacuações por semana, com ou sem outros sintomas de constipação.
Inúmeras são as causas da constipação, uma vez que esta acompanha várias doenças orgânicas clínicas e cirúrgicas, ingestão de medicamentos. Na ausência de evidência clínica que as sugiram (90 a 95%) pode ser denominda constipação funcional. Dentre as causas podem ser citadas: diabetes; hipotireoidismo; gravidez; doença de Parkinson; histerectomia; acidente vascular encefálico (derrame); malformação anorretal; ingesta de medicações hipotensivas, diuréticas, analgésicas, antidepressivas, anticonvulsivantes, laxativas em excesso, psicoterapêuticas. Existem ainda as causas perineais como doenças orificiais crônicas como fissuras e hemorróidas, prolapso retal (exteriorização o reto através do ânus), retocele (herniação da parede vaginal posterior), enterocele (herniação do intestino delgado). Além de incoordenação da musculatura do assoalho pélvico (contração "inconsciente" ao invés de relaxamento dos músculos do assoalho pélvico durante a evacuação).
É comum que a constipação esteja assoacida a hábitos inadequados de vida. Evitar evacuação por tempo prolongado diminue progressivamente a sensibilidade da ampola retal (porção final do reto que serve de depósito final e breve para a fezes). Com o tempo fica difícil sentir que a ampola está cheia de fezes e essas ficam muito tempo parada e ressecando e o resultado é uma evacuação difícil. Uma alimentação pobre em fibras e líquidos também dificultam o processo evacuatório, bem como a falta de atividade física.
O tratamento conservador da constipação envolve:
1. Mudanças nos hábitos de vida:
- atividade física (caminhada, ginástica, corrida);
- mastigação adequada dos alimentos;
- evitar grandes períodos de jejum;
- ingesta adequada de líquidos (pelo menos 1,5 L por dia), principalmente água.
2. Dieta rica em fibras
3. Fisioterapia:
- Orientações quanto a mudanças no estilo de vida;
- Orientações quanto ao correto posicionamento no vaso sanitário;
- Avaliação das condições gerais do assoalho pélvico;
- Treinamento da musculatura do assoalho pélvico, com foco no trabalho de coordenação do músculo puborretal e esfíncter do ânus, por meio de biofeedback;
- trabalho de sensibilização da ampola retal com eletroestimulação;
- Massagem específica no trajeto intestinal com intuito de facilitar o trânsito intestinal;
- Cinesioterapia.
4. Medicações (laxantes, lubrificantes e enemas): o uso prolongado de laxantes irritantes, como o bisacodil, a fenolftaleina, deve ser evitado em função do risco de distúrbios eletrolíticos e danos ao cólon.
É importante ressaltar que na constipação crônica as vezes é necessário meses ou anos de tratamento para que se obtenha uma resposta adequada. E o tratamento desse sintoma gastrointestinal frequente é necessário, pois a constipação é um fator de risco para problemas perineais diversos como hemorróidas, prolapsos genitais e incontinência urinária, devido a pressão excessiva e frequente sobre a musculatura pélvica durante as tentativas de evacuação.
Observação 1: o posicionamento correto para evacuar foi detalhado na matéria: Dicas de saúde para prevenção de disfunções no assoalho pélvico - especialmente para você mulher.
thaisuroginecologia.blogspot.com/2011/05/dicas-de-saude-para-prevencao-de.html
Observação 2: a atividade fisiológica do intestino é maior pela manhã, após o desjejum, devido ao reflexo gastrocólico. Portanto evacuar pela manhã é mais fácil e um treinamento evacuatório é interessante.
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