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A água e a incontinência urinária



Você tem incontinência urinária e como estratégia para minimizar o sintoma você deixa de beber água? Não faça isso! Entenda o porquê.

A maioria dos meus pacientes com perda involuntária de urina diminuem significativamente a ingesta de água na tentativa de ficarem secos. Isto até iniciarem o tratamento fisioterapêutico, pois no primeiro atendimento são orientados sobre os prejuízos dessa estratégia e incentivados a abandoná-la.

Por mais desconfortável que posso ser conviver com a incontinência, ela compromete a qualidade de vida, mas não coloca em risco a vida. Já uma falência renal sim! Portanto os rins são vital!

A saúde renal depende de uma adequada ingesta de água. Para chegar no volume adequado para você multiplique seu peso por 35 ml e encontrará o volume que deveria ingerir em mililitros para manter sua saúde global e também renal. Esse cálculo é uma referência, condições individuais, como problemas de saúde que requerem restrição na ingesta de água devem ser levados em consideração.

O corpo é constituído 70% de água e a carência dela pode comprometer todas as suas funções biológicas, inclusive as que competem aos rins:

💦eliminar as toxinas resultantes do metabolismo corporal: uréia, creatinina, ácido úrico, etc;

💦manter um constante equilíbrio hídrico do organismo, eliminando o excesso de água, sais e eletrólitos, evitando, assim, o aparecimento de edemas (inchaços) e aumento da pressão arterial;

💦Produzir hormônios: eritropoetina (participa na formação de glóbulos vermelhos), vitamina D (auxilia na absorção cálcio), e a renina (atua na regulação de pressão arterial).

Vou ter que me conformar em ficar “vazando”? Você pode estar se perguntando.

Não! Você pode e deve procurar tratamento com o urologista e com fisioterapeuta pélvico para ajudá-lo a controlar a urina com estratégias seguras e eficazes.


Abraços,

Thais Cristine

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